Durante um dia de trabalho, eu estava trocando uma ideia com o Fernando Henrique de Jesus Santos, que atua na função Agile Leader nos times em que coordeno. Estávamos falando sobre a forma errada de colaboração que algumas pessoas têm de trabalhar.
Durante a exposição da situação, lembrei de um outro bate-papo que ouvi uma vez sobre a necessidade de jogar frescobol e não jogar tênis. Quem falou comigo sobre isso foi o Edilson Fontenele, quando nos direcionou sobre o trabalho entre equipes. Como sempre vou atrás da origem da informação, procurei e encontrei um texto do Rubens Alves, que fala sobre o mesmo assunto, focando em relacionamento e casamento. O texto do Rubens Alves pode ser encontrado em seu livro "O Melhor de Rubens Alves".
Voltemos à minha conversa com o Fernando.
Ao ficar chateado com o modo pelo qual algumas pessoas de outras áreas da empresa estavam agindo comigo, fiz a seguinte pergunta ao à ele: "E você Fernando, joga tênis ou frescobol?".
Inicialmente, acho que ele não entendeu a intenção da pergunta e respondeu "Pensando no que responder" e, sem esperar muito, comecei a explicar:
O objetivo do tênis é rebater a bola com a raquete para o lado do adversário, de modo a fazê-lo errar e marcar pontos. O objetivo principal de um jogo de frescobol é um pouco diferente, ou seja, fazer a maior sequência de golpes com as raquetes mantendo a bolinha no ar. "Manter a bolinha no ar": esse é ponto mais importante. O tênis está mais próximo do jogo da "batata quente".
Ao explicar isso, lembrei do texto do Rubens Alves (veja o livro aqui), que reproduzo abaixo:
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aà que ele vai dirigir sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos.
Nas empresas que atuamos podemos pensar nesses dois modos de atuação e que na maioria das vezes jogamos tênis. Tendo problemas para resolver ou projetos para entregar, temos a tendência de jogar a bola para o outro lado, quase que dizendo "Eu sou melhor do que você. Toma aÃ, se vira pra pegar a bola" e quando vemos que o outro não conseguiu pegá-la, até ficamos contente e vibramos. Errado. Ao atuar nas empresas, o pior jogo é o tênis.
Confesso à vocês, com certa timidez, que já joguei muito tênis por aÃ. Não vem ao caso explicar o porquê, pois seria uma tentativa de explicar ou justificar o meu erro. Porém, quanto mais atuo com pessoas, na tentativa de construir um time e alta performance, vejo que, jogar frescobol seria a melhor escolha. E, assim, venho tentando jogar mais frescobol do que tênis. Quando eu percebo que as outras pessoas não estão jogando frescobol, a minha primeira atitude é de entender se ela não sabe jogar (até porque frescobol tem suas regras) ou se há algo ou alguma situação que a está impedindo (pois nem todos gostam de jogar frescobol). Na maioria das vezes, pelo menos é a minha percepção, não é exatamente a pessoa que se força a jogar tênis. Parece que existe uma situação ou um agente externo (que pode ser até outra pessoa) que as força agirem dessa forma, pois, se pensarem bem, jogar frescobol é bem mais fácil, gostoso.
Jogar frescobol é democrático (todos podem jogar), promove benefÃcios, exige empatia e atenção ao outro, a necessidade pensar juntos e de sermos ágeis e, principalmente, a prática do companheirismo.
Pensem nas suas atitudes em seu dia a dia e qual jogo estão jogando com seus lÃderes, liderados e parceiros, para que possam criar um time de alto desempenho.
Minha sugestão...JOGUE FRESCOBOL!
Grande abraço à todos.